Ouro de tolo - Raul Seixas

 História da Música Ouro de Tolo


É uma música do disco do cantor e compositor Raul Seixas, lançado em maio de 1973. 



O nome é uma alusão a Idade Média quando falsos alquimistas prometiam transformar qualquer metal em ouro. 

E também que a verdade era uma analogia trazida para os anos 70, onde a transformação espiritual do homem era a necessidade primordial.


Assim, analisando a inteligência de Raul Seixas na época, percebe-se a necessidade do despertar da consciência individual, visando à construção da Sociedade Alternativa, e não no discurso sufocante da ditadura militar da época. .


No dia 7 de junho de 1973, Raul Seixas convocou a imprensa para notificar sua aparição em plena Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro com seu violão a música “Ouro de Tolo”.


Foi perfeito a cena mostrada pelo Jornal Nacional em horário nobre que na época era 20 horas em ponto. 

A canção era um tapa na cara do comodismo nacional diante do que era oferecido pelos ditadores.


A música se tornou sucesso imediato.


Quem foi Raul Seixas compositor e interprete:


Raul Seixas foi um cantor, compositor, produtor e instrumentista brasileiro, até hoje considerado um dos pioneiros do rock brasileiro. 

Nasceu em Salvador em 1945 e morreu em São Paulo 1989, vítima de uma parada cardíaca causada pelo seu alcoolismo, misturado com seu diabetes.


Conhecido como Maluco Beleza. Sua obra musical é composta por dezessete discos lançados durante 26 anos de carreira. 

Seu estilo musical é rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros. 

Raul Seixas sempre foi considerado como um contestador. 

Isso tem muito a ver com a Sociedade Alternativa do álbum Gita. 

Cético e agnóstico, Raul se interessava por filosofia, principalmente metafísica, psicologia, história, literatura e latim. 

Algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso.


Vale ressaltar sua amizade e parceria com Paulo Coelho.  A obsessão dos dois em construir uma transformação cultural no panorama político brasileiro, trouxe muitos problemas com a Censura. 

Logo no show de lançamento, a polícia apreendeu e queimou todo o material que julgou subversivo. 

A Ditadura, então, através do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) prendeu Raul e Paulo, pensando que a Sociedade Alternativa fosse um movimento armado contra o governo. 

Depois de torturados, Raul e Paulo foram exilados para os Estados Unidos, com suas respectivas esposas.




Ouro de Tolo - Letra


Eu devia estar contente

Porque eu tenho um emprego

Sou o dito cidadão respeitável

E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor

Por ter tido sucesso na vida como artista

Eu devia estar feliz

Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito

Por morar em Ipanema

Depois de ter passado fome por dois anos

Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso

Por ter finalmente vencido na vida

Mas eu acho isso uma grande piada

E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente

Por ter conseguido tudo o que eu quis

Mas confesso, abestalhado

Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir

E agora eu me pergunto: E daí?

Eu tenho uma porção

De coisas grandes pra conquistar

E eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor

Ter me concedido o domingo

Pra ir com a família no Jardim Zoológico

Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu

Que não acha nada engraçado

Macaco, praia, carro, jornal, tobogã

Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho

Se sentir um grandessíssimo idiota

Saber que é humano, ridículo, limitado

Que só usa 10% de sua cabeça animal

E você ainda acredita

Que é um doutor, padre ou policial

Que está contribuindo com sua parte

Para o nosso belo quadro social

Eu é que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada, cheia de dentes

Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas

Que separam quintais

No cume calmo do meu olho que vê

Assenta a sombra sonora dum disco voador

Ah! Eu é que não me sento

No trono de um apartamento

Com a boca escancarada, cheia de dentes

Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas

Que separam quintais

No cume calmo do meu olho que vê e

Assenta a sombra sonora dum disco voador



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